1 de fevereiro de 2010

...

Eu costumava observar o breu do quintal do vizinho enquanto tomava o meu terceiro banho do dia, aos domingos, antes de dormir. Abaixava-me, eventualmente, apenas me encolhia por alguns centímetros para ampliar a visão que tinha da janela do banheiro do apto que locava junto com pseudos conhecidos, desta forma eu conseguia até avistar a rua. Ela era deserta, tudo era quieto naquele local. Quando passava alguém caminhando, taciturno como aquelas noites, eu procurava averiguar atentamente, com meus olhos de gato, cada gesto, movimentos, detalhes, nuances afins. Distrair-me de todo jeito, qualquer. O tempo que nos é tão precioso me custava para passar no cu que morava. Espantei-me diante de uma situação atípica, a qual tive o desprazer e aborrecimento de vivenciar nos arredores do meu buraco. Eram quase zero horas de uma nova segunda e eu andava devagar carregando nas costas minha mochila cheia de roupa molhada e areia, numa molescência de pós-praia. Quase dormia. Trazia comigo também uma sacola que nos dão quando compramos um calçado qualquer, pacote grande de um papel macio que só ao toque da minha mão suada pela sudorese intensa na palma da mesma, provocado por momentos de ansiedade, já se desmanchava como papel toalha na torneira. Os sapatos e calçados diversos saltavam pra fora por cada nova fresta criada pela umidade. Era um malabarismo sem graça. Percebi um vagabundo pedalando sua bicicleta alguns metros de mim, talvez, e digo que era vagabundo pelo jeito que se vestia – e meu pré-julgamento feio era cabível naquele momento, pobre estereótipo que minha consciência fugaz desapropriaria por si só – pelo jeito de se portar, pelo seu maldito jeito de maloqueiro. Tão clichê!

Um comentário:

Karina Campagna disse...

(E adivinha qual era o time dele??? Hehehehe)

Consigo imaginar vc... bisbilhotando e julgando a vida alheia!

Continua levando jeito para a coisa, Bru!