15 de maio de 2009

Um psicopata - pt.2

Já pela manhã do outro dia, após uma noite de descanso merecida, a aeromoça foi ao trabalho. Chegando ao aeroporto notou que em sua boca começara a brotar pontinhos brancos de pus, ou berne, ou algo com aparência desagradável que dava vontade de espremer, mas ao mesmo tempo dava nojo. Ficou preocupada e prontamente foi procurar um médico.
O médico após analisar brevemente a “alergia” que surgiu na boca da aeromoça deu seu diagnóstico que, apesar de precipitado, pois nenhum exame havia sido feito, foi conclusivo e, posteriormente, certeiro. Sua experiência respondeu a preocupação da moça. Empolgado, com um riso de escarninho que despontou subitamente no seu rosto teso, indagou a aeromoça:
- Você se relacionou sexualmente com alguém nas últimas 72 horas, linda? – Mas o “linda” soou tão irônico, que a protagonista da tragédia começou a ficar irritadiça. Respondeu falando a verdade, assustada, com o coração triste, e com uma angústia que começava a atacar seu estômago:
- Sim, senhor doutor. Ontem mesmo saí com um homem que acabara de conhecer. O que me diz? Eu estou nervosa...é algo grave? Crônico?
Neste momento o semblante do doutor começou a se alterar vagarosamente. Ele mesmo, inicialmente, não acreditava na possibilidade, todavia estava diante de algo que era sim possível e as evidências eram palpáveis, cabíveis. Ele então se aproximou da boca estourada e com um movimento ágil e preciso espremeu uma bolha, retirando um líquido pastoso de tom verde claro, mas não verde claro como da casca de uma maça verde bem cuidada, e sim verde claro como de um catarro vindo bem do fundo da garganta de um ranhento qualquer.
- Esta inflamação é causada por bactérias saprófitas. Esse rapaz que você se encontrou, é possível você ver ele novamente? Você ficou com algum contato dele?
- Sim, senhor doutor.
- Nós vamos contatar a polícia e você vai ter que conseguir marcar um encontro com este rapaz. Essas bactérias que se encontram ao redor de toda sua boca só são encontradas em defuntos...em defuntos, senhorita! – Exclamou o doutor, preocupado com a parafilia alheia e pedindo licença para ir ali vomitar e já voltar.
Assim ocorreu. Para a polícia eles ligaram, o encontro com o necrófilo em potencial foi marcado. Pego em flagrante pelos agentes da lei que encontraram dois corpos, em um freezer daqueles de sorveteria, de duas belas moças com características parecidas com a da azarada aeromoça. Coitada. Traumatizada, ainda sofre de intolerância de lembranças mórbidas, a fazendo despertar no meio da noite para regojitar garbosamente, dentro do vaso, com um lencinho na mão, para limpar eventuais sujeiras nos seus lábios, ou aquelas que, às vezes, sobram no queixo.

Um comentário:

Bruno disse...

Alô..lô...lô...lô...lô...

tá tão vazio aqui que até dá eco.